Falando de Umbanda
Falar, escrever e expor sobre a Umbanda não é tarefa para leigos e curiosos. Estes, por falta de percepção, sensibilidade, conhecimento e sobretudo vivência, veem a Umbanda como um emaranhado de práticas oriundas das mais diversas religiões, gerando assim mais dúvidas do que o esclarecimento propriamente dito. Talvez não param para se perguntar porque um culto, por muitos tratado como fetichista, pode atrair milhões de pessoas? Alguns dizem até que é pelo aspecto étnico-cultural das mais diversas classes socioculturais.
Daí surgem perguntas:
Que mistério há por trás desses ritos que são considerados confusos e destituídos de bom senso? Por que tantos atacam a Umbanda? É preciso conhecer seus valores, aspectos fenomênicos, magísticos, mediúnicos, ritualísticos, doutrinários, culturais e filosóficos, nas suas causas primárias. É preciso também que se tenha um vivencial do dia-a-dia de seus Centros/Terreiros/Templos. Enquanto a Umbanda se abre num leque de mil cores, muitos se interessam apenas por aquela com que se afinizam, certos de que é a melhor. Outros pretendem impor um determinado ritual porque é aquele que lhes traz mais benefícios.
Quem quiser, apenas de longe – pela internet por exemplo – saber o que a Umbanda representa para o povo brasileiro, basta observar o que acontece nas praias na virada do ano. Nas praias, ricos, pobres, brancos, negros, mestiços, todos juntos, acendendo suas velas, e ofertando flores a Iemanjá, pedindo que o ano lhes seja próspero. Esta manifestação colossal é singular, é própria da fé ou da mística umbandista. Muitos se aproximam da Umbanda pois sentem sua força, sua magia, seu poder de transformação, e da evolução humana. A Umbanda aceita, respeita as necessidades de cada grupo naquilo que os faz sentirem-se unidos ao Sagrado. Por isso a Umbanda é variada em suas manifestações, pois cada “unidade-terreiro” exprime com fidelidade as necessidades daqueles que ali buscam auxílio. Para muitos esta flexibilidade é confundida como uma mistura desconexa, mas na verdade apenas traduz, em seus aspectos mais profundos, um motivo: atingir a síntese do conhecimento humano, lembrar a todos que como Caboclo, Preto-Velho e Criança, também somos espíritos eternos, imortais e que cada existência nos serve de aprendizado e aperfeiçoamento para vidas futuras, caminhando rumo à nossa realidade. Esta é a Umbanda do povo brasileiro.
As tentativas de codificação da Umbanda têm sido infrutíferas, pois esta religião é um grande cadinho onde se agrupam pessoas de todos os níveis sociais, culturais e intelectuais. Enquanto para alguns, os cultos mais populares falam mais alto ao seu grau de consciência, outros se encontram espiritualmente nos ritos esotéricos e iniciáticos umbandistas. A Umbanda é uma só, independentemente do tipo de terreiro ou culto. O Astral Superior atende a todos que a ela recorrem. Para entender melhor basta lembrarmos das sábias palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade; da mesma forma como Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que dela se socorrerem.
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Assim como a afirmação do parágrafo acima de Fernando Pessoa, venha você ser feliz por inteiro, venha viver momentos indescritíveis na Umbanda.
Bom dia a todos.
Por Mãe Kelly Sanchez – Ceu Estrela Guia
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