A Umbanda e a Quaresma
Por: Alíssio Tully – C.E.U. Estrela Guia
Deve-se manter aberto ou fechar um Centro/Terreiro/Templo de Umbanda nesse período?
Inúmeros Centros/Terreiros/Templos de Umbanda fecham ou têm o atendimento limitado no período de Quaresma, mesmo não sendo esta data ligada à religião. Afinal, por que isso acontece?
A dúvida sobre o funcionamento dos Centros/Terreiros/Templos durante a Quaresma, historicamente, vem da época que os Orixás eram proibidos de serem cultuados e deveriam ser sincretizados com os santos católicos.
Como o período da Quaresma corresponde a uma época de reclusão e reflexão dentro da Igreja Católica, muitos terreiros de Umbanda e Candomblé ficavam em uma posição delicada junto à comunidade católica e fechavam as portas para não ter problemas com as autoridades locais e com as pessoas em geral, quando poderiam ser acusados de desrespeitosos com a religião católica.
As pessoas consideravam que os Centros/Terreiros/Templos não deveriam tocar atabaques ou praticar qualquer ritual na Quaresma, a exemplo da Igreja Católica, que deixa suas imagens cobertas por mantos de cor roxa em sinal de respeito e exige que seus fiéis se recolham em oração, penitência e jejum para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo.
Desta feita, essa é a sequência de atos perpetrados pela religião Católica. Dessa forma, por mais que esses hábitos estejam arraigados na cultura brasileira, deve-se ter em mente que essas práticas são católicas, não pertencendo à Umbanda.
Para a Umbanda, o que importa é que os Centros/Terreiros/Templos estejam abertos para atendimento àqueles que necessitam do socorro espiritual.
Pelo fato de se ter convencionado que a Quaresma é um período onde as entidades superiores não trabalham, acaba sendo criado um ambiente propício à instalação de energias deletérias, nocivas, próprias de espíritos denominados “kiumbas” e “eguns”. É por força, portanto, dessa mentalização e crendice popular que se necessita da proteção, amparo e esclarecimento das entidades que nos guardam e aos Centros/Terreiros/Templos de Umbanda. Não pode haver pausa no socorro espiritual, uma vez que aqueles que praticam o uso de energias negativas não tiram férias. Nunca!
Recentemente, conversando diretamente com o irmão umbandista Pai Ronaldo Linares, fundador do Santuário Nacional da Umbanda, ouvi a seguinte orientação:
“A tradição de se fechar os Templos de Umbanda é herança do tempo em que não se havia liberdade de crença, porém não existe justificativa de ser para o mundo atual. Muito pelo contrário. É nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que as ordens malignas trabalham à vontade, livres, leves e soltas, e o Templo deve estar preparado para, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar seus Filhos de Fé ou frequentadores.
Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto-Velho, o Caboclo ou qualquer entidade que possa nos avisar do mau feito, estaremos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos. É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é de origem Afro, e sim hebraico-europeia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois a Constituição Brasileira nos assegura o direito à liberdade de crença e ninguém sofrerá inquisição por isso.
Sendo assim, vamos abrir nossos Templos de Umbanda na Quaresma e cuidar com amor dos nossos Filhos de Fé.” – finaliza Pai Ronaldo.
Permita-se ser feliz. Conheça a Umbanda!
.´. Ashé
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